Espaço Cultural
do Povo
Xukurú do
Ororubá

CACIQUE ERA BOA PESSOA

Na rua Coronal Leandro, no bairro de Xucurus, onde o cacique Chicão, foi assassinado, o clima ontem era de perplexidade entre os vizinhos, que passaram todo o dia na porta de suas casas observando o local do crime. Para a dona de casa Maria Cordeiro Galvão, que mora na frente da casa onde Chicão foi assassinado, ninguém podia dizer que ele era uma má pessoa. "Ele era um grande amigo e um excelente vizinha", ressaltou.

Dezenas de índios da tribo cercaram a residência da irmã do líder, a quem se referiam como pai. "A dor que nós sentimos é a da perda de um pai. Ele lutava para encher as nossas barrigas. Era assim que nos tratava", desabafou um dos índios que estava no local. Grande parte da tribo já estava em Pesqueira quando ocorreu o crime, pois tinha vindo participar da feira da cidade. Não houve maior movimentação porque os demais integrantes foram orientados a aguardar pelo corpo na própria aldeia.

Para o representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Roberto Saraiva, o assassinato do líder dos Xucurus foi uma tragédia sem precedentes para o povo da tribo. "Os Xucurus choram o sangue derramado por Chicão", ressaltou Saraiva, ao lembrar que dos 27.555 hectares demarcados pela Funai como reserva dos Xucurus, os índios só tem o uso de apenas 12% ou seja, três mil hectares.

Segundo Saraiva, o cacique Chicão vinha cobrando insistentemente em Brasília a homologação do processo de posse da terra da reserva, hoje ocupada por fazendeiros. O processo se arrasta desde 1995, quando a área foi demarcada e delimitada.