Espaço Cultural
do Povo
Xukurú do
Ororubá

INDÍGENAS SÃO CONTRA VIOLÊNCIA

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Em sua visita de surpresa à Funai, os representantes de 10 povos indígenas do Nordeste a Leste do País protestaram, ontem, contra a violência que vêm sofrendo por, principalmente, problemas de terra. Além deste protesto, que levou quatro representantes de tribos à 3ª Superintendência, eles exigiram providências para a apuração do assassinato dos índios Antônio Gilvan da Cruz, da tribo Truká, o cacique Atikum Abdon Leonardo da Silva e seu irmão Abdias Leonardo da Silva.

Segundo as tribos presentes na reunião, (Xokó, Xukuru, Xukuru-Kariri e Pataxó Hã Hã Hãe), muitos índios têm morrido em conflito de terra com fazendeiros e latifundiários, no entanto, a Funai diz que oficialmente, tem conhecimento de três assassinatos no ano passado. O assessor de planejamento da Funai, Cláudio Souza, disse que estes assassinatos ainda estão tendo suas causas averiguadas, não podendo afirmar que foram por motivos de terra.

Os índios entregaram à 3ª Superintendência um documento, onde pedem a prisão e julgamento dos criminosos, segurança de vida para as mães de familiares das vítimas, afastamento dos assassinos, retirada dos fazendeiros e latifundiários e a demarcação e legalização das áreas indígenas que, ainda, não foram legalizadas e demarcadas.

A ameaça dos índios Pankararu de derrubarem as torres de alta tensão que passam por sua reserva no município de Petrolândia está descartada. É que ontem à noite, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) mandou religar o fornecimento de energia à aldeia, em represália à falta de pagamento das contas, que já soma uma dívida de C$ 1.800 milhão, segundo informa o presidente da Celpe, José Marques Maris.

Caso a promessa indígena fosse cumprida, haveria um acidente sem precedentes, uma vez que as torres de transmissão suportam de 230 a 500 mil volts. Uma carga fatal para quem ousasse mexer com qualquer cabo.

(1) EM: Jornal do Comércio: 26 / 01 / 1991